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segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Do manicomial ao substitutivo: a construção do CAPS – I Arcos/MG

                   A assistência em Saúde Mental no município de Arcos iniciou-se timidamente, em 1994, com o serviço de psicologia na Fundação Municipal de Saúde. No mesmo ano, o projeto para implantação do NAPS – Núcleo de Atenção Psicossocial foi credenciado, ocorrendo a contratação de outros técnicos como assistente social, médico psiquiatra e terapeuta ocupacional, constituindo-se uma equipe multidisciplinar.

     O NAPS seguiu por muitos anos atendendo conforme os preceitos de um ambulatório de psicologia e psiquiatria, associado à lógica do serviço social e das oficinas terapêuticas, incluindo aquelas geradoras de renda. No entanto, a equipe era, cada vez mais, confrontada com um “não saber fazer” com os casos que demandavam uma intervenção para além da reabilitação psicossocial.

       Nesse momento, alguns técnicos se mobilizaram na escrita de um novo projeto para o credenciamento do CAPS – Centro de Atenção Psicossocial, um serviço que acolheria esses sujeitos na crise e que, sobretudo, teria como direção de tratamento um desvio do eixo manicomial. 

                       Em dezembro de 2008, o CAPS – I Arcos foi credenciado como um serviço substitutivo ao modelo hospitalar. A partir daí, deu-se a mudança no endereço da instituição, o incremento da equipe com a contratação de novos profissionais e, sobretudo, iniciou-se a luta por referenciar o serviço como um novo espaço de acolhimento da loucura. 

    Atualmente a equipe técnica do CAPS – I Arcos é composta por uma coordenadora com formação em psicologia, uma assistente social, uma enfermeira, dois médicos psiquiatras, três psicólogas clínicas, uma terapeuta ocupacional, uma técnica em enfermagem, dois auxiliares administrativos, uma recepcionista e uma auxiliar de serviços gerais.

     O tratamento pauta-se na noção de acolhimento e, para cada sujeito, um projeto terapêutico singular. Como nos aponta Viganò, a decisão a cerca de cada caso não é tomada pela maioria, mas se impõe a partir do saber extraído do próprio paciente. Naturalmente, isso requer um exaustivo trabalho de construção, mas requer, sobretudo, uma transferência de trabalho entre os membros da equipe. (VIGANÒ, p. 59, 1999)
   Operamos a partir dos atendimentos psiquiátrico e psicológico, das oficinas terapêuticas, das visitas domiciliares, do trabalho realizado junto às famílias na tentativa de torná-las parceiras no tratamento - numa lógica contrária à internação psiquiátrica.   
     A equipe técnica reúne-se semanalmente para discussão dos casos clínicos e, ainda, das questões administrativas que permeiam o cotidiano de um Serviço de Saúde Mental. Trata-se de uma clínica da crise, conduzida no âmbito público, e que requer ações que excedam o espaço institucional, transitando pelo social e o político. 
        
No entanto, apesar de estratégicos, os CAPS não são o único dispositivo em Saúde Mental, pois esse tipo de assistência deve ser feita nos parâmetros de uma rede de cuidados. Em Arcos, tentamos uma articulação com a atenção primária, o CRAS – Centro de Referência de Assistência Social, a Universidade e outros espaços sociais onde os pacientes possam circular.

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